Ataques de Israel atingiram centrífugas subterrâneas da maior usina nuclear do Irã, diz agência de energia atômica da ONU.
Órgão da ONU regulador de programas nucleares, a AIEA cita 'impacto direto' a salões com centrífugas de enriquecimento de urânio em Natanz. Bombardeios israelenses no Irã desde semana passada têm como alvo instalações nucleares e militares do rival.
Publicado em 17/06/2025 14:20
NO MUNDO
Ataques atingiram subterrâneo da maior usina nuclear do Irã, diz ONU.

Ataques israelenses causaram "impactos diretos" na parte subterrânea da usina nuclear de Natanz, a maior do Irã, afirmou a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA) nesta terça-feira (17).

Esta é a primeira vez que a ONU reportou impactos diretos às centrífugas de enriquecimento de urânio operando em Natanz, o que aumenta o risco de vazamento nuclear. Estima-se que a maior usina iraniana, localizada no centro de Israel, tenha cerca de 15 mil centrífugas em funcionamento.

Natanz foi alvo de diversos bombardeios israelenses desde o início da troca de ataques aéreos entre Israel e Irã, uma escalada do conflito travado entre os dois países. Na sexta-feira passada, o Exército israelense afirmou ter causado "grandes danos" ao complexo.

O conflito entre Irã e Israel entrou no quinto dia nesta terça-feira (17). Desde sexta-feira (13), as trocas de ataques deixaram 248 mortos nos dois países, segundo autoridades locais — 224 no Irã e 24 em Israel. 

O governo do Irã não se manifestou sobre a declaração da AIEA até a última atualização desta reportagem.

A AIEA é um órgão da ONU que atua como regulador de programas nucleares ao redor do mundo, e tem monitorado os impactos dos ataques de Israel nas instalações nucleares iranianas. A agência havia alertado nos últimos dias sobre o risco de contaminação nuclear e química em decorrência dos ataques israelenses em Natanz. No entanto, os níveis de radiação fora do complexo permanecem normais até a última medição realizada pela AIEA, afirmou o diretor-geral, Rafael Grossi.

Conflito entra no 5º dia

Na madrugada desta terça, a imprensa iraniana informou que explosões foram registradas em Teerã. Bombardeios também foram reportados em Natanz, cidade onde ficam importantes instalações nucleares — a cerca de 320 km da capital.

Em meio à escalada de tensões, o presidente dos Estados UnidosDonald Trump, antecipou sua saída da cúpula do G7 no Canadá e decidiu voltar para Washington.

Já em Israel, sirenes de alerta soaram após a meia-noite, pelo horário local. Em Tel Aviv, foram ouvidas explosões causadas por novos ataques do Irã, segundo autoridades israelenses.

O governo iraniano afirma que a ofensiva israelense provocou 224 mortes no país, a maioria civis. Do lado israelense, as autoridades declararam que bombardeios iranianos mataram 24 civis e afetaram mais de 3 mil pessoas, que precisaram deixar suas casas.

Os dois países mantêm o discurso de que continuarão atacando e retaliando um ao outro. Enquanto isso, fontes ouvidas pela agência Reuters afirmam que o Irã pediu a Omã, Catar e Arábia Saudita que pressionem os EUA a convencer Israel a aceitar um cessar-fogo imediato.

Fontes do governo iraniano disseram à Reuters que Teerã estaria disposto a ser mais flexível nas negociações para um acordo nuclear, caso Israel interrompa os ataques. Nas redes sociais, o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, deu sinais de que as conversas podem continuar.

Já Trump afirmou que o Irã rejeitou um acordo para conter o desenvolvimento de armas nucleares e voltou a dizer que o país não pode ter armamento atômico. Ele também declarou que Teerã precisava ser evacuada imediatamente, sem dar detalhes.

A escalada nas tensões fez com que o presidente dos EUA deixasse o encontro do G7 no Canadá e retornasse a Washington. Segundo a imprensa americana, Trump deve se reunir nesta terça-feira com o Conselho de Segurança Nacional para tratar do assunto.

Na segunda-feira (15), o Pentágono anunciou que estava enviando mais ativos militares para o Oriente Médio. A Casa Branca negou que estivesse conduzindo uma operação contra o Irã. Já o Departamento de Defesa afirmou que a prioridade é defender os ativos americanos na região.

 

 
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