A Polícia Civil iniciou na manhã desta terça-feira (10) uma grande operação no Complexo de Israel para cumprir pelo menos 44 mandados de prisão contra traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP). Até a última atualização desta reportagem, 16 pessoas haviam sido presas. Inicialmente, havia a informação de que eram 70 mandados, mas o número foi ajustado na entrevista coletiva sobre a operação.
Houve intenso tiroteio, e ao menos 4 pessoas foram baleadas. São elas:
- Manoel Américo da Silva, de 60 anos, viajava num coletivo da linha Central-Cabuçu quando, na Avenida Brasil, uma bala atravessou a janela e lhe acertou o ombro. Ele foi operado e teve alta no início da tarde desta terça.
- Marcelo Silva Marques, 54 anos, motorista da Evanil, foi baleado enquanto conduzia um coletivo na Linha Vermelha. Ele foi baleado no braço. Seu quadro era estável.
- João André dos Santos, 63 anos, passageiros da linha 603, atingido no Parque Lafaiete, em Duque de Caxias.
- Jerry Henrique, de 47 anos, baleado no calcanhar esquerdo. Ele passava pelo Centro de Duque de Caxias no momento do tiroteio, parou para prestar socorro a uma senhora, e acabou sendo baleado.
Por precaução, a Avenida Brasil e a Linha Vermelha foram fechadas por volta das 6h30, o que travou o trânsito na Zona Norte do Rio de Janeiro. Em consequência, o Centro de Operações e Resiliência (COR) colocou a cidade no Estágio 2, de uma escala de 5 — o que indica a possibilidade de impactos na rotina do cidadão.
SITUAÇÃO DE MOMENTO: Avenida Brasil e Linha Vermelha liberadas, mas com trânsito intenso.
O que é a operação
Segundo a polícia, a ação desta terça é resultado de 7 meses de investigações, que culminaram na identificação de 44 traficantes sem mandados anteriores, permitindo à Civil solicitar ordens judiciais com base em novas provas. Esse bando é chefiado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, um dos traficantes mais procurados do RJ.
Peixão, evangélico, decidiu batizar de Complexo de Israel as comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. Religiões de matriz africana foram banidas da região.
“Estamos lá para cumprir dezenas de mandados contra narcotraficantes que atuam nessas comunidades. Vários deles, que até então passavam despercebidos porque não ostentavam anotações criminais, mas que tinham intensa participação, foram identificados por essa investigação”, declarou o secretário Felipe Curi, chefe da Polícia Civil.
De acordo com a polícia, o TCP impõe seu domínio com o uso de barricadas, drones para monitoramento das forças de segurança, toque de recolher e monopólio de serviços públicos.
A polícia descobriu um grupo que organizava “protestos” com a queima de ônibus para obstruir o trabalho policial. Outro núcleo se especializou no abate de aeronaves policiais, composto por criminosos com armamento pesado e treinamento específico.